Embora os mecanismos de como os valores espirituais agem no organismo ainda sejam desconhecidos, profissionais da saúde já perceberam que a abordagem é válida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a American Psychiatric Association (APA) reconheceram oficialmente e inseriram a espiritualidade em seu conceito de saúde redefinindo saúde como ‘bem-estar físico, psíquico, social e espiritual’.

          

No âmbito da pesquisa, os especialistas são rápidos em esclarecer que não se trabalha com qualquer religião específica mas que, através do sentimento de religiosidade inerente ao ser humano, a pessoa reconhece um aspecto desta religação e adota uma determinada religião de acordo às suas crenças e entendimento e a incorpora em sua vida.


Espiritualidade é um guarda-chuva mais amplo, que agrega quem tem ou não uma crença, e que são as emoções, os sentimentos que norteiam nossa vida de relacionamento, conosco e com as demais pessoas. A espiritualidade/religiosidade proporciona aos seres humanos maior resiliência, maior capacidade de lidar com as dificuldades, de melhorar e até de se curar de doenças e, sem dúvida nenhuma, de ter uma melhor qualidade de vida. De acordo com vários estudos e revisões literárias científicas, tanto acadêmicas quanto não acadêmicas, a espiritualidade fornece recursos para que se aumente a frequência de emoções positivas e se reduzam aquelas que vão conduzir a problemas maiores. Ao entender que sua vida está sob controle de algo ou alguém maior, fora de seu domínio, a pessoa tende a enfrentar e suportar o sofrimento de forma mais positiva. A certeza de um suporte terapêutico que está ‘além’ das questões orgânicas e psicológicas, contribui para o melhor conhecimento de si mesmo e faz com que a angústia diminua e esse “conhecer-se” despertem sentimentos terapêuticos favoráveis que despertem a saúde integrativa.

No campo da ciência muitas universidades do Brasil e do mundo já tem seus departamentos de estudos e pesquisas em espiritualidade e saúde. No Brasil temos o PROSER-Programa da Saúde Espiritualidade e Religiosidade no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IpQ/HCFMUSP) e o NUPES-Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (FMUFJF). Até na Escola de Medicina de Harvard há um núcleo em Espiritualidade e Saúde.